No cenário digital atual, as redes sociais tornaram-se uma parte essencial do nosso cotidiano, influenciando não apenas nossos padrões de comunicação, mas também a maneira como interagimos com marcas e consumimos conteúdo.
No entanto, recentes estudos conduzidos pela Bloomers e pelo Gartner lançam luz sobre um panorama alarmante do uso das redes sociais, demandando uma revisão não apenas de nossa relação com essas plataformas, mas também das estratégias de marketing e comunicação das empresas que dependem delas. Confira!
71% dos brasileiros consideram as redes sociais prejudiciais
De acordo com a pesquisa da Bloomers, 71% dos brasileiros consideram as redes sociais prejudiciais. Em média, eles passam 9 horas e 32 minutos por dia na internet, colocando o Brasil como o segundo país mais conectado, atrás apenas da África do Sul. Apesar desse alto índice de uso, a relação dos brasileiros com as plataformas digitais está longe de ser positiva.
A pesquisa revela que 71% dos entrevistados acreditam que as redes sociais são viciantes e prejudiciais à vida, enquanto 53% temem que contribuam para transtornos mentais. Apesar disso, apenas 31% expressaram desejo de abandonar as redes, com 40% relatando ter reduzido seu uso.
Algumas das principais redes sociais, como TikTok, Tinder e Facebook, estão entre as marcas de tecnologia que mais causam desconfiança, segundo os brasileiros entrevistados. Por outro lado, WhatsApp, Instagram e YouTube são consideradas mais confiáveis.
Neste contexto, as marcas, mesmo as confiáveis, precisam refletir sobre sua responsabilidade social e modelar ofertas que contribuam para resolver questões importantes para a sociedade.
A pesquisa também revela opiniões divergentes sobre o impacto da tecnologia no trabalho, na educação e na saúde. Enquanto 30% acreditam que a tecnologia criará mais empregos, 41% temem o contrário, prevendo diminuição de oportunidades. No entanto, a maioria (64%) se mostra entusiasmada com as possibilidades futuras da tecnologia, acreditando que trará avanços significativos para todos, independentemente da classe social.
Até 2025, o mundo deve restringir o uso das redes sociais
O desejo de abandonar ou limitar significativamente o uso das redes sociais não é exclusivo dos brasileiros, como evidenciado por um recente relatório do Gartner. Segundo o estudo, 50% dos consumidores em âmbito global planejam abandonar ou reduzir suas interações nas redes sociais até 2025.
O estudo, realizado entre julho e agosto deste ano, com a participação de 263 consumidores, indica que 53% deles percebe uma queda no estado atual das redes sociais, em comparação com o ano passado ou até cinco anos atrás. Essa tendência é impulsionada por uma série de preocupações, incluindo o aumento da desinformação nas plataformas e o receio de que o uso excessivo de Inteligência Artificial diminua a autenticidade do conteúdo.
“As redes sociais continuam sendo o principal canal de investimento para o marketing digital, mas os consumidores estão ativamente tentando limitar seu uso”, afirmou Emily Weiss, Pesquisadora Principal Sênior na prática de marketing da Gartner. “Uma parcela significativa indica que, em comparação com alguns anos atrás, estão compartilhando menos sobre suas próprias vidas e conteúdos. À medida que a natureza do uso das mídias sociais e a experiência nas plataformas evoluem, os CMOs devem realinhar suas estratégias de aquisição de clientes e retenção de fidelidade em resposta a essas mudanças.”
E agora, o que fazer?
Essa notícia pode parecer catastrófica para empresas que investem pesadamente em marketing nas redes sociais, contudo pode representar novas oportunidades comerciais. Para isso, as marcas precisam diversificar seus canais de comunicação, bem como escolher os mais eficazes com base nos resultados obtidos e concentração de esforços neles.
Além disso, os programas de fidelidade surgem como uma solução para manter os clientes engajados fora das redes sociais, citando dados que mostram a preferência dos consumidores por empresas com programas de fidelização. O e-commerce é também uma outra alternativa viável, especialmente considerando a tendência dos brasileiros de buscar preços mais baixos online.
O uso da Inteligência Artificial nas redes sociais
O relatório do Gartner também prevê que, até 2027, 20% das marcas buscarão se posicionar e se diferenciar com base na exclusão da Inteligência Artificial (IA) de seus negócios e produtos. Essa mudança estratégica reflete uma crescente preocupação dos consumidores com a autenticidade e confiabilidade das interações alimentadas por IA.
Uma pesquisa realizada com 305 consumidores em maio de 2023 revelou que 72% deles temem que os geradores de conteúdo baseados em IA possam disseminar informações falsas ou enganosas. Além disso, outro estudo do Gartner, envolvendo 320 consumidores em fevereiro de 2023, constatou que a percepção de que as capacidades baseadas em IA superam as habilidades humanas está perdendo força.
“A desconfiança e a falta de confiança nas capacidades da IA levarão alguns consumidores a buscar marcas e interações livres de IA”, comentou Weiss. “Uma parcela das marcas evitará a IA, priorizando um posicionamento mais humano. Esse conceito ‘acústico’ será utilizado para afastar a percepção de que as empresas impulsionadas pela Inteligência Artificial são impessoais e uniformes.”
Portanto, é fundamental moderar o uso de ferramentas de IA na criação de conteúdo, já que o excesso pode afastar os consumidores devido à falta de autenticidade. Ainda há limitações na capacidade das máquinas de igualar a criatividade humana, o que pode comprometer sua atratividade para conquistar novos clientes.
Embora as ferramentas de Inteligência Artificial e automação sejam essenciais para a produtividade e a inovação empresarial, é fundamental que não se tornem predominantes. Um equilíbrio cuidadoso entre tecnologia e humanidade é essencial para garantir a confiança e a conexão emocional com os consumidores em um mercado cada vez mais digitalizado.
Em suma, as empresas precisam adotar uma abordagem de marketing e vendas adaptada ao perfil do consumidor, utilizando ferramentas de automação e comunicação, como e-mails e chatbots, para manter o engajamento mesmo fora das redes sociais.
Conclusão
Diante do panorama revelado pelos estudos da Bloomers e do Gartner, torna-se evidente a necessidade urgente de revisão das estratégias tanto das empresas quanto dos usuários em relação ao uso das redes sociais. A constatação de que uma parcela significativa da população brasileira considera essas plataformas prejudiciais e está disposta a reduzir ou abandonar seu uso demanda ação imediata.
Para as empresas, essa mudança de cenário representa não apenas um desafio, mas também uma oportunidade de repensar suas estratégias de comunicação e marketing. Diversificar os canais de interação com os clientes, investir em programas de fidelidade e explorar o e-commerce são algumas das alternativas viáveis para manter o engajamento do público mesmo fora das redes sociais.
Além disso, a preocupação crescente com a autenticidade e confiabilidade das interações impulsionadas pela Inteligência Artificial sugere a necessidade de um equilíbrio cuidadoso entre tecnologia e humanidade. Embora as ferramentas de automação sejam essenciais para a eficiência empresarial, é crucial que não se tornem predominantes, pois a conexão emocional com os consumidores continua sendo um diferencial competitivo fundamental.
Portanto, diante do iminente declínio do uso das redes sociais e da crescente desconfiança em relação à IA, as empresas devem adotar uma abordagem mais adaptada ao perfil do consumidor, priorizando a autenticidade, a confiabilidade e a conexão emocional em todas as suas interações. A busca por um equilíbrio entre tecnologia e humanidade é essencial para garantir a sustentabilidade e o sucesso das estratégias de marketing e vendas em um mundo pós-redes sociais.
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